Era o aeroporto internacional da maior cidade do pais: Casablanca. Mas nin-guém, nenhuma lojinha ou café aceitava nenhum tipo de cartão. Nem Dólar, nem Euro. Decidimos voltar tudo pelo corredor sinalizado com uma placa “passage interdit” a cada 10 passos, para fazer a imigração em Casablanca e procurar um ATM do lado de fora. O policial nos desencorajou a sair “tá lotado lá fora e vocês não vão ter tempo hábil para passar de volta pela imigração e pegar o voo de vocês”. Insisti, determinada (“ninguém vai me impedir de embarcar naquele avião” martelava na minha cabeça). Mas nenhum dos 6 ATMs que tentei funcionavam… Relutante (porque sempre prefiro sacar moeda local direto do caixa eletrônico), troquei 100 euros porque estava com fome e sede nas minhas quase 4 horas de escala. Mas a birosca não tinha troco para a minha água. Ahhhh! Revoltada, fui comprar em outro lugar. O “não perca tempo com Casablanca” que li por aí faz mais sentido do que nunca. Decisão acertada!
Depois do perrenguinho, o aeroporto de Marrakech foi um alívio. Acho que é o aeroporto mais bonito que já vi na vida, sério. Simplesmente uma obra de arte! Ufa! Eu estava no lugar certo. Relaxei, finalmente. Mas não viemos pra ver o aeroporto. Então, sem delongas.
O traçado urbano todo me pareceu muito organizado e bem cuidado (colonização francesa, pensei). As avenidas eram margeadas por árvores plantadas, todas arrumadinhas, e bem podadas, repletas de… laranjas! E carregadas! Mas o taxista disse que não são boas para comer: “not much sugar”. Hum… Pensando bem, se fossem boas não estariam ali, hehe (estamos falando de uma das economias mais fortes da África. Sim, o país tem petróleo, mas o PIB per capita gira é um pouco mais de 1/3 do brasileiro).
Palmeiras, muitas palmeiras no caminho e cactos também. Tudo iluminado estrategicamente para arrancar sorrisos dos visitantes. Por uns segundos, me remeteu à cidade luz… Só por uns segundos porque a arquitetura não tem, absolutamente, nada a ver.
A Medina, a tão desejada cidade velha, era… a primeira vista, velha. A consciência lembra: “você fez questão, Paola!”. Toda ocre, fazendo jus ao apelido, com construções baixas e um comércio simples, se apresentou um tanto ou quanto deserta. Bom, eram quase 2 da manhã… Mas conseguimos achar um ATM que funcionasse. Aleluia! O taxista parou num lugar meio feioso (não que eu tivesse visto um exatamente bonito por aqueles bandas) e disse “chegamos”. Tiramos as coisas do carro e um homem vestindo uma espécie de capa listrada, de um algodão bem grosso, se aproximou para ajudar. “Ele trabalha no Riad, ” disse o motorista. Riads são casarões antigos, bem típicos do centro histórico que, hoje, funcionam como hotéis. Algo numa linha “pousada marroquina”. Seguimos a partir dali a pé (sim, isso já era esperado). O centro antigo de Marrakech é um labirinto de ruas de pedestres, vielas e becos. Eu tinha olhado a localização no Google Maps (clarooo!). Nosso Riad ficava perto de uma rua com acesso a carro mas, aparentemente, havia um trecho (pequeno!) a ser percorrido a pé. Lá fomos nós! Detalhe: a capa listrada do moco do Riad tinha um capuz. Mas não um capuz qualquer… Um capuz pontudo (isso, pontudo pra cima!). Tava frio e ele saiu andando a passos rápidos e olhando pra baixo, puxando a minha mala. Corri atrás! Esquerda, esquerda, direita, esquerda, um pouco de lixo pelo caminho (Rishikesh feelings… “de novo não!!”)… Direita, direita… e a rua se estreitava cada vez mais. Que talento que eu tenho pra achar um buraco! Rsrs (juro que no Booking era bem bonitinho o Riad. Tinha ótima avaliação, inclusive em relação à localização!) A iluminação foi ficando mais distante. Ninguém por ali além de nós e do homem de capuz.
Paramos em frente a uma pequena porta de madeira num muro. Knock, knock. Esse era o nosso Riad.