Bicho grilo total

A vista da varanda do meu bangalô em Piracanga

Pra mim, o mais legal das “n” terapias alternativas que tem por aqui, é poder ver como vivem as pessoas. As casas, pra lá de rústicas, foram sendo construídas NO MEIO da mata desse terreno arenoso, sem derrubar nenhuma árvore. Ou seja, são meio oca, meio casa na árvore, orgânicas e sustentáveis. Não dá pra saber ao certo se as casas estão na mata ou se é a mata que está nas casas. Bom, muitas de fato não tem paredes! Mas sim cortinas e/ou esteiras de palha que abrem e fecham. Banheiros e cozinhas muitas vezes ficam afastados da casa principal e também integrados à natureza. Os cômodos são dispostos em vários andares, às vezes interligados uns aos outros por rampas (!) ou passarelas de madeira, como se fossem puxadinhos uns dos outros, eventualmente com uma copa de árvore balançando no meio do caminho. As cores e estampas tem um “quê” de étnico, um que de zen, um que de intelectual. Um doce! E tão inusitado que é difícil até de explicar, mas confesso que fiquei morrendo de vontade de construir uma pra mim. 

Fui fazer uma massagem rebalance com um italiano numa dessas casas. E uma aula de Iyengar yoga com uma sueca em outra (porque gringo é o que não falta aqui). E no meio do caminho, descobri que tem uma prima minha morando aqui! Surreal, haha. Família grande dá nisso!

E não é que tem até kambô?! Lembra? Aquele… do sapo… na Amazônia… que, por sinal, eu tava afim de repetir desde então…  

Bati um longo papo com o terapeuta na véspera e experimentei a tal leitura de aura, pra fazer uma boa faxina antes e ver se o negocio pega direito dessa vez, rs Foram 5 queimadinhos dessa vez, um progresso comparados aos 2 que fiz na Amazônia, na parte de dentro da panturrilha, próximo ao joelho. Segundo ele, pra equilibrar a minha energia feminina. Taí, gostei da proposta. Mas ele me disse que seria mais leve do que o que eu fiz na Amazônia. Disse que eles usam pererecas menores, hahaha, que ficam no alto das árvores. E que pra pegá-las, eles cantam e quando a perereca canta de volta eles vão lá e pegam, rsrs 

Dessa vez rolou todo um mis en scene com velas, “incensos”, óleos e cantos, pra equilibrar e limpar as energias. Interessante… E fez efeito de primeira. “Leve” como da outra vez, e com aquele “mal estar colateral” básico. Mas nada que um bom mergulho no rio não pudesse curar. 

Mas à noite… lá pelo meu 13º sono, umas 3 da manhã, ensaiei despertar por conta de um barulho no quarto. “É só o vento… volte a dormir Paola”. 

“Szrtrblsdl”
“Definitivamente tem algo aqui no quarto”, arregalei os olhos. 

E imediatamente vi um bicho em cima da mesinha que fica ao lado da porta (onde eu tinha deixado um saquinho de biscoito – fechado! – da feira de orgânicos…). Não, não era uma aranha, nem um carangueijo ou uma barata (com esses tô convivendo pacificamente desde que cheguei aqui, porque pé na areia tem suas mazelas)… Era um ma-mi-fero! Pelo vulto que consegui ver com a pouca luz que entrava pela janela, parecia um gato pequeno. Estiquei o braço rápido para ascender a luz, ainda “protegida” dentro das fronteiras do docel da minha cama, mas… não havia sinal de luz… O bicho pulou no chão. E se não fosse um gatooo?!?!?! Pro espaço a sustentabilidade! Tem um bicho enorme no meu quarto e eu não tenho luz!!!! Comecei a bater palma, a dar bronca nele, hahaha: “ai ai ai, já pra fora! Xô! Xô!” Fazer o que, né? Cada um luta com as armas que tem! Rs

Na vila toda, a única luz era a da lua e os únicos sons eram dos coqueiros balançando ao vento e das ondas do mar. Todos dormiam e me senti meio ridícula de bater na porta da família que dormia no bangalô ao lado pra pedir ajuda… Lembrei que tinha levado meu computador e que ele poderia servir de lanterna. Calcei os chinelos (como se pudessem me proteger), liguei o note e saí, hesitante, vasculhando o quarto e o banheiro, enquanto batia o pé no chão e brigava com o bicho. Não estava muito certa se preferia encontrá-lo ou não, mas foi o que me ocorreu fazer… 

Coloquei os biscoitos na varanda pra não ter mais “isca” indoor e limpei a mesa e tudo o que havia em cima com água e sabão. Pensei em me mudar pra rede mas ventava e achei que eu deveria superar esse episódio. Voltei pra cama meio relutante, usando todo o meu poder yogue pra tentar relaxar, e lembrei que tinha uma janela aberta no computador com um texto novo de um amigo que só escreve coisas lindas. Me entreguei e embarquei… 

No dia seguinte, já de pé no 1º “trim” do despertador, às 6 da manhã, fui dividir a minha experiência com o primeiro morador que apareceu na minha frente. E ele: “Tranquila, tranquila…” (era argentino) “É bom quando um bicho se aproxima da gente! A energia deles é a mais pura… eles vem pra proteger a gente. E só se aproximam assim de quem também tem energia pura!”. 

É… da próxima vez vou pensar melhor antes de fazer essa limpeza energética!

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