Bom, o problema do carro era só o cabo da bateria. Andrea deu uma olhada no motor, diagnosticou o problema e pediu para um dos caras da manutenção do hotel arrumar para mim.
Ele foi puxando papo, perguntando de mim e fazendo propaganda do negocio dele: me disse que ele e os outros 2 sócios tem, além deste hotel onde estou (Kichanga Lodge, a propósito), um outro hotel aqui em Michamwi, um em Los Roques (Venezuela) e o restaurante The Rock (aquele da casinha em cima da pedra no meio do mar! – vou postar uma foto para quem não conhece).
-“Que legal! Eu vi fotos do restaurante na internet e achei lindo! Vou lá amanhã almoçar.”
-“A noite também é bem legal, se você quiser posso te levar hoje para jantar, eu convido.”
Eba, convite aceito! Só pedi para irmos cedo porque eu estava cansada.
Fui dirigindo e aproveitei para pegar os macetes das travessias dos “rios”. Quando chegamos ele me explicou, apontando na direção do restaurante, que a maré estava baixa e, por isso, era possível caminhar até lá (quando a maré esta alta só chega-se de barco). Se desculpou mais uma vez por estarem sem luz. “Aqui também??!”
Atravessamos a faixa de areia da praia deserta, num breu total e comecei a me questionar se tinha sido uma boa ideia aceitar o convite… Neste momento aprendi uma coisa a meu respeito. Quando fico apreensiva com a possibilidade de estar correndo algum risco eu começo a tagarelar para distrair a mim mesma, hahaha.
Quando entramos, fiquei aliviada de ver que havia outras pessoas ali, mesmo que todos fossem empregados dele. O lugar tem uma infra-estrutura bem legal, super charmosa, o que inclui um pequeno lounge ao ar livre! Ele me explicou que, mesmo quando há luz, ele só tem luz elétrica na cozinha.
O menu foi linguini com lagosta de entrada, camarões gi-gan-tes (deviam ter uns 100gr cada!) com leite de coco e arroz basmati como prato principal, com um vinho branco geladinho, claro. Italian style! Tudo delicioso. Sei que parece mas NAO foi um jantar romântico! Foi, sim, muito legal ouvir a história dele.
Ele me contou que quando chegou em Zanzibar, em 2003, não havia a estrada que leva até Michamwi (tinham que vir de jipe pela areia da praia), nem luz elétrica ou abastecimento de água. Ao longo desses anos chegaram a estrada e a luz, mesmo que precária. A água ele ainda traz com caminhão pipa todos os dias. O mesmo caminhão ele usa para abastecer a escola local, que foi reformada por ele. Ele me contou que é uma escola publica e que depois da reforma cresceu de 30 para 300 alunos!
“Eu não queria montar um negocio aqui sem desenvolver a comunidade de alguma forma.” Ele contou que também patrocina a universidade de alguns e que já formou a primeira turma de professores que voltou para dar aula na escola onde estudaram. Muito bacana!