Com a bolsa na cabeça

Crianças me abordando na praia de Michamwi

Aqui vida na praia é regulada pelo ir e vir da maré. Isso porque por essas bandas ela recua muito (!), uns

Michamwi: a pesca do polvo é das mais rentamais para os locais e feita por mulheres
Michamwi: a pesca do polvo é das mais rentamais para os locais e feita por mulheres

300 metros, revelando uma enorme área de corais com piscinas naturais, fartas flora e fauna marinhas. É nesse momento de maré baixa que as mulheres locais exercem seu oficio de pescadoras (os homens saem de barco). Elas caminham cuidadosamente com suas lanças de madeira a caca principalmente de polvos. É uma cena linda vê-las pescando! O hotel emprestou uma daqueles sapatilhas de borracha para eu caminhar nas pedras/corais (lotados de ouriços) e fiquei um tempão ali observando. Um dos “guias turísticos” da praia me explicou que os polvos aqui são muito valiosos! Eles vendem para os hotéis e restaurantes por 2,5 euros o kilo (e um polvo grande, segundo ele, tem 2 Kg). Isso para eles é um bom dinheiro.

The Rock
The Rock

Segui caminhando até o fim da praia, enquanto maré subia, porque queria ver o restaurantezinho em cima da pedra de dia e com a maré cheia. Driblei um ambulante aqui, um guia turístico ali e voilà! The Rock estava lá, majestoso (rs), em cima da pedra no meio do mar. Um barato! É bem pertinho da praia, nada que algumas braçadas não resolvessem. Mas tinha a bolsa, câmera e não queria entrar toda molhada… Fui de barquinho!

Bom, o negocio é que quando a maré esta alta ela cobre quase toda a extensão de areia, fazendo você disputar espaço na praia com a vegetação rasteira em alguns trechos e te impedindo de

Enquanto espero o meu pedido... no The Rock
Enquanto espero o meu pedido… no The Rock

passar em outros, porque bate direto em algumas falésias que tem no caminho. Eu sabia que teria que esperar até umas 5 da tarde para voltar ao hotel, então procurei um cantinho e me acomodei. Não deu 2 minutos e vieram correndo até mim uma meia dúzia de crianças.

Me pediram água, sapatos e queriam futucar em todas as minhas coisas, todas falando ao mesmo tempo e fazendo uma baita confusão! Consegui organizar a bagunça porque também não conseguiria ir muito além dali. Dei a minha água para um deles e ficamos brincando de tirar foto, eles adoravam e ver como ficou na tela e metiam a mão cheia de areia na câmera, nada muito diferente dos meus sobrinhos, haha (ainda bem que não era a câmera nova!). Tinha 1 maiorzinho, de 10 anos que falava inglês bem direitinho. Aprendeu na escola. Os demais eram muito

Crianças de Michamwi: pesca de subsistência
Crianças de Michamwi: pesca de subsistência

pequenos, tinham entre 1 e 2 anos e falavam era swahili comigo. :-S O maiorzinho me socorria! 

Pelas minhas contas em pouco tempo eu conseguiria cruzar a “ponta” para chegar de volta ao hotel.

Continuei minha caminhada, mas chegando perto (da pedra) vi que a maré ainda estava alta. Sentei novamente. Um homem cruzou, até onde consegui ver, com água mais ou menos nos joelhos. O problema é que eu não sabia a extensão daquela “ponta” de pedra… O mar não é forte nem fundo, ou seja, nada de grave poderia acontecer. Mas batia, sim, numa parede de pedra que se espalhava um pouco por cima da areia. E eu não queria escorregar nas pedras porque tinha minhas câmeras fotográficas comigo. Mas lá pelas tantas cansei. Tirei o vestido para não molhar, coloquei as sapatilhas de borracha (linda! haha), enfiei tudo na bolsa e segurei firme. Andando beeeem devagar, não conseguia ver onde pisava porque a onda levantava a areia… não sabia até onde meu pé ia afundar ou se escorregava. Andei uns 10 metros e vi que tinha mais uns 30 pela frente… O mar vinha e batia. Nada grave (não cheguei a me desequilibrar – viva as aulas de yoga!) mas chatinho de atravessar. A bolsa não estava leve e eu tinha que levantar um pouco para não molhar. Cansada, não tive duvida: coloquei-a na cabeça. Então percebi como a cultura local vai entranhando na gente pelos poros! Só tinha eu ali naquela ponta de praia e levei talvez uns 20 min para atravessar aquele pedacinho, de bolsa na cabeça, hahaha.

Cheguei na outra ponta! Ufa… E então vi que um pedacinho de praia daqueles que ficam recuados entre as pedras estava ali… só pra mim! Quando a maré esta mais baixa é apenas um recuo na praia, mas naquele momento era minha praia particular.  O céu estava ficando alaranjado, meio rosado… lindo! E a

Caranguejos no pôr do sol em Michamwi
Caranguejos no pôr do sol em Michamwi

areia ainda estava bem molhada da maré que recuava. Fui andando curtindo o visual, quando me dei conta que tudo ali… se mexia! 1, 2, 3, 5, 8, 12, 16…. Para onde eu olhasse tinha um mooooooonte de caranguejos GIGANTES!! Quase do tamanho da palma da minha mão! E outras dezenas de caranguejinhos minúsculos, exatamente da cor da areia, do tipo que você só vê quando ele se mexe. Um desafio não pisar neles! A sensação era de que todos olhavam para mim. Se eu ficasse parada por um tempo parecia que eles retomavam a “vida normal”, rs. Mas era eu pensar em dar um passo ou me levantar que eles saiam correndo, hahaha. Consegui enquadrar alguns na foto! Mas foi um desafio e tanto…

 

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