paola
Hoje choveu o dia todo… Eu sabia que era baixa estação (=chuva), mas decidi vir mesmo assim. E vim sem muitos planos.
Então… passei o dia na “pousada” na companhia do Mansur, meu fiel escudeiro. E ele foi me contando as historias daqui…
É amigo de infância do Mustafa (tanzaniano) que, por sua vez, é marido da Simona (alemã), com quem troquei 500 e-mails antes de vir, reservei meu quarto, tirei duvidas, peguei dicas, etc. Ela foi fantástica! Mansur me disse que eles moram na Alemanha mas têm um apto em Stone Town (Zanzibar), além dessa casa de praia. Sim, era uma casa de praia, mas como os amigos começaram a pedir hospedagem um atrás do outro decidiram fazer mais um andar, um puxadinho aqui, um bangalô ali… até virar uma guest house. E eu tive o privilegio de ficar hospedada no quarto dos donos da casa! Sim, porque sou a única aqui, hehe. Tinha um casal de espanhóis quando cheguei mas já foram.
A casa é redonda! E sem portas (tipo Bali), com um pé direito altíssimo, protegido por um grande teto de sapê. Sao 5 quartos, todos dando para o mesmo hall central (também redondo) conectado à sala – na realidade uma varanda. O terreno é todo de areia e a vegetação exuberante. Ah, sim, tem 3 bangalôs espalhados no meio da “selva” também. Nada de recepção, arrumadeira, telefone ou TV. Só dá Mansur e mais 2 garotos, de função indefinida. Ah! E 2 cachorros que fazem a guarda na porta do meu quarto, haha.
Mas, como eu estava dizendo, choveu… Aproveitei para decifrar minha câmera nova tirando fotos da casa (que vou mandar para a Simona melhorar o site dela), além de aprender a jogar Baoba (uma especie de gamão local) e de ser apresentada a enorme Muarubaini (ou Neem Tree) > É uma árvore tropical, nativa da India, cujo nome significa ‘árvore dos 40’, pela sua reputação de curar 40 tipos de doença. Na Ayurveda é considerada a árvore sagrada, doadora de vida (!), dado que é capaz de sobreviver em condições bastante adversas. Ela é utilizada pela indústria farmacêutica para fabricar uma serie de remédios e, pelo que o google me disse, me pareceu realmente poderosa: tem propriedades anti-oxidantes, anti-inflamatórias, antibióticas, trata catapora, malária, diabetes, artrite, reumatismo, além de outras cositas que eu pulei para não ficar muito comprido 🙂 Também é usada na culinária e já me alertaram que não é gostosa, mas, definitivamente, vou provar esse chá. 🙂
Minha tarde chuvosa estava sendo saboreada com uma massagem de primeira (“no chão?” > “No chão é melhor” ela disse, com toalhas e travesseiros na mão) quando a moça me “acordou” meio assustada apontando para o canto: “olha!”
Demorei um pouco para ligar lé com cré, mas não me assustei quando vi aquela lesma, minhoca, sei lá o que, maior do que o normal (países diferentes tem bichos diferentes..).
“Isso é perigoso” disse ela com convicção. “É uma cobra!”
Eu tenho pavor de cobras, mas confesso que essa não me impressionou. Nada que uma boa chinelada não resolvesse, eu acho. Só que ela entrou embaixo do armário, bem rente ao chão. Hum…
“Mansuuuuur…. Tem uma cobra no meu quarto…”
Ele riu (então deve ser normal…). E me apareceu com um… inseticida? :-S
Ele jura que a cobra não vai sair nunca mais debaixo do armário com a quantidade que ele colocou ali. Acho que queria só me tranquilizar… e, pelo sim, pelo não, fechei a mala, a mochila, bolsa, necessaire… e embuti o dossel da cama embaixo do colchão para me “vedar” à noite.