No meio do caminho tinha um policial

Crianças voltando da escola na estrada para Michamwi

É hora de me despedir de Nungwi e seguir viagem para Michamwi. Fiquei na maior duvida mas decidi alugar um carro pelo desafio e pela experiência.

O esquema é tão precário quanto em Bali. Um cara traz um jipinho Suzuki no hotel, meio caindo aos pedaços, do tipo que o retrovisor não para no lugar e que o cambio não tem marcação das posições das marchas. O contrato é uma folha com meia dúzia de recomendações e meus dados. 1 via só, que ele me pede para assinar, mas fica comigo. Então tá…

Vou experimentando as posições do câmbio para ver qual impulsiona o carro para frente. Sim, automático, ufa… Pelo menos isso para facilitar a vida de dirigir na mão inglesa. O mapa que me deram é bonitinho mas não tem nenhum detalhe, praticamente um daqueles mapas turísticos com tartarugas coloridas, sabe? Peco instruções ao Mansur de como chegar ao meu destino e ele diz que é fácil, basicamente uma esquerda, uma direita e ir reto a vida toda… Você vai passar pelas cidades A, B, C… Hum… Mas como saber que eu tinha chegado em qualquer dessas cidades se eram vilarejos muuuito rudimentares sem qualquer sinalização??! 

Dei sorte. O cara que me levou o carro precisava de carona de volta, até metade do meu caminho e foi me guiando. Não era nada tão simples assim, várias bifurcações, rotatórias e caminhos mal delineados. Acho que se não fosse ele eu teria levado o dia todo para dirigir os 60Km (estimados), que fiz em 2 horas e 30 minutos. Piloto muito! Rs 

Para que correr? Fui desviando dos buracos devagarzinho, curtindo a paisagem e fotografando os vilarejos. Pole! Pole! … dizia meu carona quando nos aproximávamos dos quebra-molas sem quaaaalquer sinalização.

A tomar pela experiência de chegar à Nungwi, eu sabia que as chances de ser parada pela polícia eram grandes. E fui, 2 vezes. Da primeira tudo bem, documentos OK, segui em frente (eu estava com meu carona local no carro). Mas da segunda, já sozinha… o policial ficou me fazendo um mooooonte de perguntas, tentando a todo custo achar algo de errado para me punir. Como não encontrou nenhum motivo me veio com essa: 

-“Sabe… aqui, quando a polícia manda você parar você tem que ligar a seta… e você não ligou…”
Me desculpei, educadamente, disse que não sabia e que da próxima vez ia fazer certinho. Nada feito. Ele seguiu argumentando. E eu me fingindo de desentendida. 

-“Próxima vez? Mas você não ligou a seta desta vez.”
-“Eu sei, entendi… sinto muito mesmo… Mas o que eu posso fazer? Você quer que eu volte e pare novamente?” Insisti com a minha melhor cara de inocente indefesa, hehe.
Ele não aceitou. E eu também não arredei o pé. Não quero dar propina!!!

Ele disse que teria que anotar o meu nome e eu disse que tudo bem. Repetiu isso umas 2 ou 3 vezes e eu segui dizendo que tudo bem, pois não havia nada que eu pudesse fazer. Então ele dramatizou mais:
– Mas se eu anotar o seu nome você terá que ir ao tribunal e pagar 30 dólares!!”

Um lado meu achava graça desse absurdo todo… havia uma ponta de apreensão… Mas me mantive séria, inocente, me agarrei à minha teimosia e à minha convicção, juntas, e disse:
-“OK, eu vou ao tribunal, não tem problema, não há nada que eu possa fazer… afinal, eu parei sem ligar a seta…”

Ficamos ali mais uns 3 ou 4 rounds até que… yes! Ele se cansou de mim! Hahaha, deu certo! Quando arranquei, aí sim, senti a adrenalina subir…

Meu destino, Kichanga Lodge, do outro lado :-S
Meu destino, Kichanga Lodge, do outro lado :-S

Já bem perto do meu próximo hotel, o desafio derradeiro foi uma estrada de terra no estilo das piores que temos no Brasil com uma meeeega poca d’água logo no início, praticamente um rio! Parei e fiquei uns 5 minutos ali, olhando para ela e analisando se seria melhor atolar na margem direita ou na esquerda… Deixei o telefone do hotel e o celular à mão.

1, 2, 3 e… não atolei! Mas descobri que eram vaaaarios “rios” no caminho! Cheguei exausta…

Andrea, o italiano dono do hotel veio me dar as boas vindas e se desculpar pelo fato de estarem sem luz, mais essa! Ou seja, sem banho quente e sem internet…

Ele perguntou se eu queria que ele estacionasse o meu carro enquanto eu fazia o check in e eu aceitei.

-“Paola, você tem certeza de que esse carro esta funcionando?”
-“Bem… ele estava…”

Kichanga Lodge: relax merecido!
Kichanga Lodge: relax merecido!
Chegada no Kichanga Lodge, ufa!
Chegada no Kichanga Lodge, ufa!
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