Vale a pena dar uma esticada até os templos de Khajuraho

Um dos inúmeros templos de Khajuraho

No caminho de Varanasi pra Agra, parei em Khajuraho, um conjunto de templos (hindus e jainistas) do século X. O lugar é basicamente numa área rural no meio do nada, mas tem uma cidadezinha de “apoio” do lado. 

Peguei um tuk tuk na frente do hotel (dormi lá 1 noite) pra começar minha visita. Mas foi o cara arrancar que surgiu um malandrão do nada e pulou no tuk tuk, em movimento, sentando ao lado do motorista. >> alerta vermelho. “Ei, ei, ei!! Who are you???” Disse, já munida da minha cara de (bem) brava e mandando o motorista parar. 

Regra No 27 do manual de sobrevivência: não aceite, jamais, outra pessoa (estranha) no seu taxi ou afins. 

 “Eu também to indo pro centro da cidade”, ele respondeu.

 “Então quer dizer que você vai pagar pela corrida?”, desafiei.

 “É que eu sou amigo dele”, disse o cara de pau, abraçando o motorista.

 “Mas eu não te conheço e fui eu que chamei esse tuk tuk. Portanto, você deve pedir a minha permissão para subir aqui” (a cara era muito brava, mas uma parte de mim estava rindo por dentro)

 “Mas eu só queria conversar com você…”

 “Eu não quero conversar!” Lati, pro cara, rs

E ele acabou descendo (não sem insistir mais um pouco). O motorista me disse, depois, que ele tem uma loja de souvenirs e, provavelmente, queria me vender algo. Mas isso é jeito de vender alguma coisa? Bom, talvez aqui seja… Mas a segurança vem em 1o lugar.

Os templos valem super a pena, são lindos! Chegaram a ser 85 templos, mas só sobreviveram 20, minimamente esculpidos em pedra, dispostos num grande “jardim”. E, sem que tivesse planejado, acabei chegando lá no fim da tarde e peguei uma luz bem legal. Eles todos têm cenas do dia a dia esculpidas do lado de fora e de dentro, quase que como historias em quadrinhos. E, curiosamente, 10% das esculturas são eróticas! Pesquisei para entender o porquê, mas não achei muito mais do que uma explicação dizendo que o sexo era encarado como parte do dia a dia. Me diverti tentando descobrir os melhores ângulos para fotografar. Até que uma indiana se aproximou puxando papo, perguntando de onde eu era e pediu para tirar uma foto comigo. Ok, eu sei que somos bem diferentes aos olhos dos asiáticos, em geral, e que eles adoram tirar foto com a gente. Então aceitei.

O amigo dela tirou umas 2 ou 3 fotos e, quando terminamos tinham uns 4 ou 5 indianos em volta, todos com celular na mão, pedindo para eu tirar foto com eles. Ai não dá, né gente? Falei que não porque queria continuar meu passeio. Mas me senti mal depois… “Cadê sua tolerância, Paola?” Eles só queriam uma foto!

Continuei caminhando, brincando de fotógrafa, e decidi aceitar os outros pedidos de foto que surgissem. Devem ter sido entre 20 e 30!! Sem exagero… O mais engraçado é a cara de bobos felizes que eles fazem. Bom, foram meus “15” minutos de fama na terra de Bollywood. 

Na volta pro hotel parei numa lojinha que vendia um pouco de tudo. Fui atraída pela seção de óleos e especiarias. Mas nada é assim tão simples por aqui. Primeiro o cara me botou sentada numa cadeirinha e me ofereceu chá. Se fosse na Turquia aceitava todos! Mas, aqui… “No, thank you, I don’t take milk” (é bem comum eles colocarem leite no chá, talvez uma herança da colonização britânica – ou teriam sido eles que influenciaram os ingleses???).

Bom, começou tooooda uma apresentação de-ta-lha-da dos óleos em que eu tava interessada. Explicou sobre como é difícil e complexa a fabricação, como é alta a qualidade, explicou sobre o uso, suas propriedades e tal. Tudo para elevar o preço, lógico. Depois me mostrou as (inúmeras) opções que tinha pra me oferecer. Quando já estava terminando, parou, me lançou um olhar 43 e perguntou, num tom de voz bem mais baixo: “do you have a boyfriend?” Fui contra as regras (que mandam você dizer que e casada, independente de qualquer coisa) e respondi que não. Na verdade, as recomendações sugerem que você até invente uma aliança no dedo, mas achei demais.

Aí ele pegou um vidrinho que estava no canto, como quem pega uma rara poção mágica, daquelas secretas, com toda pompa e circunstancia e sussurrou no meu ouvido: “this is veeeery good for the kamasutra”. Hahahaha, tive que rir…

Ele se certificou de que tinha entendido do que eu mais tinha gostado. Jogou o preço láaa em cima e começou a negociação. Ai que preguiça…!

Confesso que não barganhei muito não, gente… Mas tô feliz com meus óleos! Não, não levei o do kamasutra, rs. Comprei um que, segundo eles é bom pras práticas de yoga, outro pra fazer massagem quando a gente tá estressado e um terceiro, medicinal, que é bom pras articulações. Bom, as propriedades vão bem além disso mas, pra mim, é o que interessa. Ah, comprei um 4o também, que é uma mistura de varias coisas, do tipo que cura tudo, rs.

Tão mais prático dar logo o preço certo, né? Quem quer, compra, quem não quer, não compra e ponto final! Eu sei que a negociação faz parte da arte de vender na Asia, de modo geral, e nos países árabes, e em alguns países da Africa também. Bom, talvez nós é que sejamos os diferentes na historia… :-S Mas, definitivamente, preciso de um preparo psicológico antes de ir às compras por essas bandas.

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