Cheguei na estação de trem pra seguir viagem pra Agra. Já tinha lido uma descrição, mas ao vivo e a cores o buraco é mais embaixo… Do lado de fora já não cheira bem, em todos os sentidos. Pinta de rodoviária da pior categoria, entupida de gente, com guias, vendedores, taxistas e golpistas prontos para dar o bote ao menor sinal de baixar a guarda. Pra minha sorte, o motorista que me levou até a estação me acompanhou até a plataforma (e, mais importante, carregou minha mala pelas escadas). Afinal, já era noite e mulheres não devem andar sozinhas à noite, lembram?
Chegando na plataforma, pra minha surpresa, não tinha luz. O cheiro de xixi era muito forte, daqueles que praticamente fecham a glote. E, mesmo naquela penumbra, dava pra sentir a imundice do lugar. O pior era “ver” aquele monte de vultos sentados, deitados, amontoados naquela pocilga (o purgatório é aqui – parte II). Deu vontade de sair correndo. Impossível ficar ali!
Refleti sobre a compra da passagem… “Mas eu comprei a melhor classe! E sei que tem classes de trem minimamente aceitáveis…” Enquanto isso, meu indiano-motorista-carregador-de-malas seguiu abrindo caminho na plataforma, desviando daqueles pobres coitados ali no chão. Pouco a pouco o cenário foi melhorando. Apareceu a luz (a melhor classe tem direito a luz, constatei com dor no coração…), e, depois, os outros turistas. Ufa. O cheiro também melhorou.
Uns 10 minutos antes do horário de partida vem se aproximando aquele “container” velho e empoeirado, sacolejando como se fosse desmontar em mil pedaços na próxima curva… A entrada do trem era pela lixeira… Um projeto de cozinha que era a coisa mais suja e nojenta… não, não se pode imaginar… Era quente, com cheiro de gordura velha, paredes, armários, chão, tudo sujo de comida (e não é de hoje), com lixo espalhado e cara de abandonado. Pânico! Passamos por uma porta dessas de correr, que tem em trem mesmo, eu e os outros turistas (para o meu alivio eu não estava só ali), e entramos num ambiente com ar condicionado, no modelo dos trens europeus, só que beeeem mais velho. Mas, ao menos, não cheirava mal nem estava tão sujo. De cada lado do trem tinham 2 fileiras de 3 poltronas, uma de frente para a outra, com uma mesa coletiva no meio, numa linha sala de reunião.
Passado o susto, curti a viagem batendo papo com um simpático casal do meu lado. Ele era inglês e me ensinou a usar umas funcionalidades da minha câmera fotográfica_:-) definitivamente, preciso aprender a operá-la… Ela era kenyana, filha de indianos e, depois de ouvir minhas histórias, disse que meu “manual de sobrevivência” tá certíssimo. Hehe