A Índia é longe, né?
Agora chega pra esquerda, 850km de Delhi. Até dá pra fazer uma parte de avião, mas as ultimas 5 horas de chão só se faz de carro mesmo ou trem noturno. É… quase ali… no Paquistão. A 100km mais precisamente. Sim! Jaisalmer é um destino turístico, ju-ro!
Bem mais legal assim, com emoção, né?
E começou logo mais rápido do que eu imaginava, quando fui tirar o visto no consulado da Índia em SP. Enquanto eu respondia quais cidades ia visitar, o funcionário que me atendia, de cara feia, apontou pra Jaisalmer e disse, como se estivesse me dando uma ordem: “Em Jaisalmer você não pode sair da cidade, entendido?”
Respondi que sim, mas devo ter feito cara de quem não entendeu, rs, e ele complementou: “Eles pegam você!”
Acenei com a cabeça enquanto pensava: “Mas e o meu passeio de camelo?!?!” :-S
Ainda se chama Rajastão mas, pouco a pouco, à medida em que se entra no deserto, a muvuca, as buzinas e a sujeira vão dando lugar à areia. E à areia. E ao silêncio. Nossa, uma paz… De veeez em quando se vê alguém à margem da estrada. Nada. Nem de um lado, nem do outro, além de areia e vegetação rasteira. Ah sim! Camelos, claro! Soltos! Sem lenço nem documento, comendo folhas das árvores. E correndo! São muito engraçados! Confesso que não sabia que camelos podiam correr, rs.
Aqui eu tinha um guia para me acompanhar porque a agência que fez as reservas disse que não era seguro eu (leia-se mulher) caminhar sozinha por essas bandas. Ok… Ok… Mas confesso que tentei despistar o guia, hehe. Lá pelas tantas, disse que já tava bom e que continuaria o passeio caminhando sozinha. Mas ele disse, simplesmente, que não…
“Eles pegam você.”
Ai, saco… Rs
Ok… Ok…
Caminhamos pelas ruas estreitas da cidade murada (que eles chamam de forte), olhando lojinhas, tirando foto, e visitamos 2 casas de marajás, o que, aqui em Jaisalmer, significa comerciantes falidos tentando se sustentar vendendo as relíquias da família e fazendo suas casas de museu. É bem interessante de ver, na verdade, mas de marajá não tem nada. Neeeeem se compara ao marajá de Udaipur.
As casas tem cara de casa e não de palácio, e estão precisando de uma bela reforma. Mas têm fachadas lindíssimas, todas esculpidas em pedra e uma arquitetura, no mínimo, curiosa. É como se a escada, de degraus muito altos e íngremes, entrecortada em pequenos lances de tamanhos diferentes,
fosse a espinha dorsal. Dali sai um cômodo pra cá, outro pra lá, outro mais em cima, e por aí vai, sem muita lógica. Sim, os cômodos são ligados diretamente à escada que, além de tudo, é estreita. Ah, e pra entrar nos cômodos tem sempre uma porta baixinha (até eu bateria a cabeça) e uma soleira na porta que é praticamente um degrau. Tudo de pedra, claro. Menos as portas e janelas que, nesses casos, são de madeira maciça, todas trabalhadas também. As paredes e tetos são pintados e, de vez em quando, aparece um altar com alguma imagem “santa”. O interessante também é que vai só você, acompanhado de um integrante da família na visita. Bem legal.
No fim da tarde, peguei a estrada com Bilu, mais 40 km ali pra esquerda…
Gente, a agência (indiana) que fez as reservas pra mim, enquanto eu ainda estava no Brasil, é meeeeega profissional, organizada e foi muito bem recomendada! Ligam dia sim, dia não pro Bilu e pedem pra falar comigo, querendo saber se tá tudo bem. E combinaram um passeio de camelo pra mim. Então deve tá tudo certo!
Fiquei um pouco decepcionada quando Bilu me disse que era uma voltinha de uma meia hora só, pra ver o por do sol… Me imaginei dando a volta na pracinha de “cavalinho”… :-S Comentei com Bilu que eu gostaria de fazer um safari de camelo desses em que a gente dorme no deserto, mas que dessa vez não tinha tempo suficiente. Ele me disse:
“Você não pode ir sozinha, eles pegam você”.
Então lá fui eu de “cavalinho” com o Ali me puxando… Eu e a caravana de turistas. Mas o detalhe é que,
aqui na Índia, mais da metade dos turistas são os próprios indianos! Bilu ficou me esperando numa especie de estacionamento.
Lá pelas tantas, Ali me pergunta se eu queria correr.
“Hum… Talvez…” Respondi, avaliando a quantidade de coisa que eu carregava: câmera, óculos, mochila… Apesar de nunca ter aprendido, adoro montar à cavalo e galopar! Só que já fui imaginando toda a minha tralha querendo cair pelo caminho… Fora que eu tava de chinelo… Então complementei dizendo que só se fosse uma corridinha bem rapidinha tipo… “até aquela arvore ali” rs
Então ele fez o camelo sentar e eu não entendi muito bem…
“Porque paramos?”
“Eu vou montar com você.”
“Oooooooi?!?!?!?!?”
“Não!!!”
“Você não quer correr?”
“Não quero mais. Pode quebrar a minha câmera…” :-S
“Quero ir sozinha. E vamos devagar” Disse muito séria e decidida. Com cara de “quem manda aqui sou eu”. E tratei de fazer amizade com Mr. Rocket, o camelo, para o caso dele precisar salvar a minha pele…
Assistimos ao por do sol da duna com mais uma cambada de turistas, eu em cima e ele embaixo, e tratei de puxar o barco imediatamente depois.
Valeu pelas fotos. Mr Rocket ficou ótimo assistindo o por do sol!
E eu fui direto pra uma massagem relaxante no spa do hotel.