Percebe-se logo a diferença ao entrar no Rajastão. As estradas tem pista dupla, as vezes tripla (!!) e o asfalto, na maior parte do tempo, é bom. Tem até canteiro central e acostamento! Mas esse ultimo só de vez em quando… E placas! Achei que os indianos não soubessem o que era isso, hehe. Mas as vacas tão sempre lá, gente, aí é pedir demais, né? A diferença é que, no Rajastão, elas não têm só a companhia de búfalos e cachorros nas ruas, mas de burrinhos, bodes, cabras e porquinhos também. É uma fauna muito rica! Rs
Paramos na estrada para um xixi basico. E o senhorzinho que cuida do restaurante vem todo curioso:
“De onde você é?”
“Do Brasil” Ele pára, franze a testa…
“É perto da América, né?”
“Na verdade, é na América do Sul…”
“Ahhh… e você trabalha com que?”
“Trabalho com comunicação” (todos acham que você é milionário, se diz que trabalha em banco – bom, talvez, pra eles, sejamos mesmo!)
“Ah…. E isso é numa grande fazenda?”
:-S
“Hum… É…… é uma grande fazenda…”
Udaipur é a cidade mais rica da Índia. Ela é cheia de lagos e beeem mais civilizada do que as outras que vi até agora. Mas estou chegando à conclusão de que, na Índia, é impossível não encontrar um lixão a céu aberto por onde quer que se passe… Cheguei já à noitinha e a programação do dia seguinte era visitar o palácio, templos, lagos, jardins. Turismo básico, você também encontra por aqui, rsrs. Tudo bem legal e contrastante com o resto da viagem. Mas o ponto alto, definitivamente, foi o palácio da cidade.
Ele foi construido uns 500 anos atrás pra ser a sede do governo e residência do marajá Udai Singh, e até hoje é a moradia do marajá…. Udai Sngh! Tatatatataraneto do primeiro Udai Singh.
(Hoje a Índia é uma república parlamentarista, com presidente, primeiro ministro e tal. Já foi, como todos sabem, colônia britânica (de 1858 a 1947). Mas antes disso tudo, a Índia era governada por imperadores, que tinham domínio do que seria o equivalente a um estado. Esses, por sua vez , eram divididos em “feudos” menores, controlados pelos marajás (raja = rei!). E eles existem até hoje! Mas são apenas os milionários da cidade. Tem um “que” de rainha da Inglaterra mas, ao contrario da coroa britânica, gerenciam diversos negócios próprios.)
Bom, mas voltando ao palácio, ele realmente impressiona pelo luxo, imponência e beleza. Aliás, quando é pra caprichar eles arrasam por aqui. Os fortes, palácios e templos importantes são de uma riqueza de detalhes que é de cair o queixo. Na grande maioria dos casos são esculpidos em pedras de diversos tipos, da vermelha ao mármore, passando por uma pedra com cara de pedra. Cada pórtico, coluna, janela, cúpula é uma verdadeira escultura da mais alta qualidade artística. Fora que as paredes são todas trabalhadas. Acrescentem lustres de cristal, jardins internos, fontes, imagens de deuses, espelhos e corredores estreitíssimos que sobem e descem, passagens secretas mesmo, interligando as alas. Agora juntem tudo isso junto num palácio inteiro. É espetacular!!! Páreo duro com os maiores e mais ricos castelos europeus.
Mas Bilu queria me levar de carro de um monumento a outro. Ai não dá, né? Pelo menos não pra mim, hehe. Ficar na “bolha” do ar condicionado não tem a menor graça! Você não sente a cidade… Assiste tudo à distancia com uma “parede” de aço (ou seria alumínio?) e vidro te separando da vida.
“Bilu, não precisa, eu gosto de caminhar pela cidade.”
“Não?! Mas como você vai fazer? Pegar um tuk tuk?!?!” Como se fosse um absurdo…
“Vou fazer como os outros turistas fazem. Olha!” Apontei para um casal caminhando na rua.
“Mas eles estão em 2, em 3, e você esta SOZINHA!!!” Parecia inconformado…
“Bilu, olha pra mim. Eu vou ficar bem. Se eu precisar te ligo, ok? Não se preocupe.”
Ele se rendeu.
Lógico que não liguei. Tirei fotos, conversei com pessoas na rua e peguei o tuk tuk, rs. Ah, e ainda caminhei à noite! Cedo, claro. Mas sem grandes aventuras, a emoção ficou apenas por conta do quebrar das regras. É libertador! Hehe