Passando fome!

Nascer do sol em Jaisalmer

De manhã o deserto é bem frio. Uns 12 graus talvez… Pouco a pouco, o céu vai clareando e começando a esboçar um tom rosado, alaranjado… Boiadas, camelos solitários e caminhões militares transportando tropas vão ficando pra trás, poéticos… O sol surge, enorme, vibrando e aquecendo o horizonte de areia e curvas. Bilu faz um sinal de reverência ao astro rei e me emociona… Ele diz que está triste porque vou embora… E seguimos em silêncio pelas ultimas 6 horas da nossa convivência. É muito cedo.

Chego a Jodhpur meio dia pra pegar meu voo pra Delhi. O café da manhã das 5:30 já se foi há muito tempo… O aeroporto é bem pequeno e só tem 1 café. Pelo menos é expresso! Mas não arrisco mais nada, tudo tem cara de velho. Tenho cookies, barrinhas e chocolate na mochila.  Mas algumas horas depois, comecei a sonhar com o jantar em Delhi….. Cheguei umas 4 e pouco da tarde e fui logo pedindo pro motorista, que me esperava com uma plaquinha na mão, uma recomendação de restaurante BOM perto do hotel. Mas ele fez cara de que não sabia… 

“A gente pode perguntar no hotel!”, me disse ele, feliz com sua “brilhante” ideia.

Lembrei da manteiga com cara de estragada e do café de péssimo aspecto que me ofereceram na minha 1a parada lá. “Naaaao! Esse hotel não consegue nem preparar um bom café da manhã, então também não vai saber recomendar um bom restaurante.”

Eu tava com muita fome… e tinha acordado às 4:30 da manhã… Isso vale um desconto, né?

“Eu vou jantar no Taj.” (tipo um Fasano deles)

“No Taj? você deve estar realmente com fome…”

Gente!!! Preciso de uma comida descente, pelo amor de deus!!! 

Tá duro…

Entrei no carro já pensando em qual a melhor roupa que eu tinha na mala. Só que o carro não andava….. Traaaaaansito absurdo!! E isso porque era sábado! Meu hotel era num bairro meeega muvucado, aquele com uma cara de rua 25 de março, lotado de gente e carrocinhas na rua. Do tipo que o carro praticamente tem que passar por cima. Considerando-se que o motorista ainda se perdeu, foram quase 2 horas do aeroporto ao hotel, com a barriga roncando e os olhos ardendo. Pesadelo!! 

“A que horas melhora o trânsito?” perguntei, pensando em ajustar os planos e fazer uma horinha no hotel antes de jantar. 

“Umas 10/10:30 da noite…” Gente, eu tinha acordado às 4:30 da manhã e tava faminta! Começava a escurecer… O lugar tinha uma cara péssima e de carro também não se conseguia andar ali. Realmente não sabia o que fazer…. não aguentava mais comer cookie e barrinha e tinha que levantar às 4:30 no dia seguinte (de novo!) pra pegar o trem pra Rishikesh. Ou seja? Também não teria café da manhã no dia seguinte… Dureza!!

Lembrei do Trip Advisor e consegui umas recomendações de restaurante perto, mas só tinha restaurante indiano… Meu corpo implora (!!) pra eu não comer mais massala e pimenta… mas, aparentemente, é isso ou nada… Tinham uns muito perto, coisa de 3 ou 4 quarteirões. Mas, pra facilitar, eu estava na cidade mais violenta da Índia, com um letreiro na minha testa escrito “turista”, sou mulher, estava sozinha e, portanto, não podia sair sozinha à noite, nem 3 quarteirões… Envolvi o motorista e o recepcionista do hotel no meu “problema” pra eles me ajudarem com a solução. O plano foi simples: o motorista me leva com o recepcionista, ele me espera comer e me leva de volta a pé. Mas achei sacanagem deixar o cara do lado de fora… e o convidei pra jantar comigo. Foi a primeira vez que ele jantou com alguém que não era da Índia…

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