Sabe aquele esquema de uma torneira só, que serve tanto pra banheira, quanto pro chuveiro, e você só tem que puxar uma alavanca pra “migrar” a água de baixo pra cima?
Pois é, aqui é assim, só que não tem banheira… E, como vocês sabem, mal tem chuveiro! Quando eu fui tomar banho saia taaaao pouca água da torneira de baixo que, obviamente, não ia ter nem pressão pra chegar no chuveiro, quanto mais pra tomar banho. Então, como a torneira de baixo fica mais ou menos a 1 metro do chão eu tava… tomando banho… agachada… Pa-té-ti-co! Eu sei… Mas como agora sou uma pessoa desapegada, posso contar, hahaha.
Pois é, eu fiquei. Depois da 1a noite de fogueira, viola e comida caseira gostosa, estou aprendendo a explorar os cantinhos da estante bamba pra equilibrar minhas coisas e nem reparo mais nas manchas das paredes do quarto. Meus amigos novos são suuuper gente boa, de vários lugares diferentes, todos curtindo a paz desse cantinho e fazendo graça dos problemas. Até me acostumei ao banheiro precário e consegui fazer vista grossa pro que eu achei que não fosse rolar de jeito nenhum. Mas confesso que comprei uma toalha no mercadinho. Junto com uma pasta de dente indiana, orgânica, que é… marrom. Mas é gostosa!
Quem sabe não me torno uma pessoa melhor?
Aqui também faz bastaaaante frio de manhã. Na verdade o problema é o vento encanado que faz a curva (literalmente) por entre de 2 grandes montanhas, por onde também desce o Ganges, láaa do Himalaya, sinuoso, con-ge-lan-do o ar da manhã. Desnecessário isso, gente, mui-to fri-o!! Rs Ah, sim, o ashram fica na beira do Ganges, um visual bem bacana! Todos os quartos dão pra uma espécie de varanda-corredor, de cara pra essa vista linda e esse ventinho camarada. :-S
Mas eu vim aqui pra fazer yoga, né? E como eu tava precisando! Meu corpo tava todo travado depois de tanto vai e vem. A primeira aula foi leve, na medida para soltar minhas articulações e acordar meus músculos. Entre aquelas paredes de ripa de madeira, com a vista das montanhas, senti que a minha respiração parecia sincronizar com o zumbido do vento. Conexão total!
Depois da aula seguimos, todos encapuçados, pro casebre de bambu, que serve de sala de estar, biblioteca, restaurante, tudo! Ficamos ali, congelando no vento (sem fogueira de manhã) e rindo da situação até chegar o café da manhã, à moda indiana: uma pasta de legumes, chapati/naan, que é tipo um pão árabe deles (ainda não consegui entender a diferença entre eles) e uma salada de fruta. Ah, ginger lemon tea caseiro! Meu favorito E é mais ou menos às 8:45 que o sol vence as montanhas e joga os primeiros raios sobre a gente. Todos vibram, felizes, se deliciando com aquela energia boa. Parece que, de repente, somos abençoados de vida! Muito gostoso…
Temos 1 hora de pranayama por dia + 3 de yoga + 1 de meditação. Considerando-se as refeições e intervalos, mas acaba sobrando 1 horinha pra passear de manhã e 3 à tarde. A galera é mega gente boa, todos achando o lugar incriiiivel (o que acabou dando uma forcinha pra minha decisão de ficar). É um mix de EUA, Inglaterra, Alemanha, Rep Checa, Dinamarca, entre 25 e 35 anos. Só o indiano está um pouco abaixo da faixa, com 23 e eu, um pouco acima, hehe. Mas a mais velha e mais figura de todas é a Lauren, de 67(!!), que veio com a filha Kate, de 25 (!!). Os comentários dela são os melhores, a gente chora de rir!!
Mas, voltando ao chuveiro, já tinha abstraído da questão de tomar banho agachada. Pelo menos tinha água (né?) e era quente, ufa. Só que, dessa vez, tava muuuito quente! Tipo queimando! E abrir a água fria não tava adiantando nada… Resolvi dar uma chance ao chuveiro, então… Quem sabe ele não faz alguma mágica e esfriaria um pouco a água? E, pra minha surpresa, não é que funcionou? A água se multiplicou!!! Incrível!! O chuveirinho de plástico rosa calcinha, rs, se revelou e fez o banheiro (e o quarto, porque a porta não fecha..) virar uma sauna a vapor! Sou a mulher mais feliz do mundo!!!
E começa a rolar uma fila pra tomar banho no meu banheiro, rs
Namaste