Não me entendam mal… Cusco é uma gracinha, cheia de restaurantes deliciosos, lojinhas tentadoras e ruelas históricas encantadoras. Mas algum bicho me mordeu no caminho e pre-ci-so conhecer o Titicaca. Fizemos algumas pesquisas in loco e trocamos 2 dos 4 dias em Cusco por um bate-volta à Puno. De quebra, os 3.800 metros de altitude me pareceram uma boa pedida para a nossa aclimatação 😉
A ilha de Taquile nos rendeu lindas fotos e um almocinho caseiro super simpático. Mas as ilhas Uros, apesar de muito turísticas, foram imbatíveis. Lá habita um dos povos mais antigos da região, que decidiu se mudar para o lago para fugir dos invasores. Inicialmente viviam em barcos de palha de totora mas, dado que essas “casas” duravam apenas 15 dias, desenvolveram uma técnica muito particular de construir suas moradias: casinhas de palha da mesma totora que mais parecem de boneca, sobre ilhas também de palha e flutuantes! É assim: eles extraem blocos da raiz da totora das partes mais rasas do lago e as amarram formando blocos maiores. Depois cobrem com totora fresca.
Assim, não precisam se preocupar em construir uma nova moradia pelos próximos 30 anos! Mas precisam colocar uma nova cobertura a cada 15 dias porque ela apodrece. E a totora serve não só para construir as ilhas e barcos mas, também, para construir as casas e, porque não, para comer! Não, eles não plantam nada. Só pescam e trocam suas presas por batatas e outros alimentos no porto local. As roupas são todas costuradas por eles mesmos e as crianças educadas em escolas, igualmente, flutuantes. O costume é se casarem entre eles, de forma que cada família habita sua ilha. A cada ano, o “governo” é revezado entre as famílias, assim como a recepção aos turistas, sua principal fonte de renda, claro.
Com, aproximadamente, 190km de comprimento por 80km de largura, o Titicaca fica metade no Peru e metade na Bolívia. Por conta de algum fenômeno natural que não entendi (talvez a profundidade de 200m…) suas águas ficam a 12o celsius o ano todo, ou seja, não congelam, o que dá a ele o título de mais alto lago navegável do mundo.
3.800 metros