Trilha Salcantay (para Machu Picchu): dia 3

Foco na missão

Óbvio que não tinha secador de cabelo, né? Era um chuveirinho muito do safado e olhe lá! Conclusão: acordei com nariz escorrendo, ouvido entupido… uma beleza!

Caminhadinha relax
Caminhadinha relax

Mas no nosso terceiro dia o percurso foi beeem mais light. Fisher nos disse que um deslizamento de terra tinha bloqueado parte da trilha, e que teríamos que fazer um desvio para a estrada de terra. E acrescentou, também, que esse novo percurso era uns 15km mais longo do que o original, o que poderia comprometer o nosso trecho do 4o, e último, dia que era bem puxado. Não curti… Mas precisávamos decidir “ali” se íamos encarar ou fazer uma parte do percurso de carro, como ele sugeria. Não curti mesmo! Me deu uma sensação de que eu tava jogando a toalha… Mas a decisão era do grupo e acabamos seguindo as recomendações do nosso guia e caminhamos apenas 8km, praticamente planos, de manhã cedo. Pra soltar, rs, mas os joelhos não deram trégua.

O prêmio de consolação foi uma visita às termas de Santa Tereza, próximas dali. Aí sim!! pastedGraphic.png

Moendo café torrado na hora
Café torrado e moído na hora

Mas, antes, logo depois do almoço, Fisher nos chamou para um rápido tour pelas plantações de café da chácara onde tínhamos montado nosso acampamento. Jerry, nosso anfitrião nos mostrou os diferentes tipos de pé de café, como os planta na sombra de árvores maiores, como os aduba com as folhas de bananeira que caem, e como colhe os grãos, um por um. O processamento e a torragem (com uma colherinha de açúcar, no fogão à lenha) também são totalmente manuais. Moeu e fez um cafezinho esperto pra gente, ali na hora. Só não me perguntem por que esses peruanos ficam inventando nomes americanos…

Bom, às termas! Não, não foram nada de extraordinário, mas ficar ali, jogada naquelas piscinas de água quentinha, me deu oooutro pique. E fome! Gente, nem lembrava o que era isso! É um tal de lanchinho pra cá, lanchinho pra lá (os deles e os nossos) e pratos mega bem servidos, que não dá tempo de sentir fome. Bom, decidi que ia parar de comer tudo o que me ofereciam, mas apenas o que eu realmente precisasse ou tivesse vontade (sim, por que tenho a impressão de que eles ficam meio ofendidos se a gente não come tudo, sabe?). E não é que ela apareceu? Saí daquelas piscinas quentinhas faminta! E preciso dizer que foi uma sensação ótima. Devo ter puxado isso do meu pai pastedGraphic_1.png

Só que não foi só a fome que apareceu… Ao sair da água constatei 5 bolhas nos meus pés :-S tava sentindo alguma coisa me incomodar mas tava ignorando, até então…

“Você precisa estourar essa grande do calcanhar…”

:-S

“Sim, vai ajudar a cicatrizar… Você não vai conseguir caminhar amanhã com seu pé assim…”

:-S :-S 

Fisher nos ensinou a jogar shit head. Prometo que vou batizá-lo com um nome melhor, hehe, porque é bem divertido pra ajudar o tempo a passar nessas nossas noites de acampamento. Mas, já eram quase 8 da noite e eu ainda tinha que cuidar dos meus pés… Deixei a turma na jogatina e fui pra barraca. 

Ok, a postos: bacia de água caliente, álcool gel, spray anti-septico, pomada antiinflamatória, algodão e meus band aids de borracha infalíveis pastedGraphic_2.png Ah, sim, e uma agulha. Lavei bem o pé, passei álcool, desinfetei a agulha, me posicionei e… fiquei hoooras ali, toda torta, tentando furar a bolha sem doer, hehe. Não sei quando que comecei a ficar fresca, mas começou a me dar náusea… Deitei. Percebi que meu nariz estava sangrando um pouco, afe… Esperei. Sentei e continuei. Pouco a pouco fui conseguindo drenar a danada. O Jan (o corajoso que resolveu namorar comigo, rs) voltou da jogatina-shit-head (calma, ainda não pensei num nome..), finalmente. Era hora da minha cena dramática, hahaha. Spray anti-septico, pomada antiinflamatória, gaze, meia e cama.

Boa noite.

2.000 metros

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