De volta ao “sultan room” ;-P dedicamos 1 tarde a relaxar no sol quentinho, com a piscina só pra gente. Mohamed passou por ali (sim, todos se chamam Mohamed, rs): “vocês querem comer alguma coisa?” Já tinha passado da hora do almoço, mas cansados de todo o Tajine marroquinho (prato típico deles = qualquer tipo de carne ensopada com especiarias numa espécie de prato de barro com uma tampa pontuda), pedimos um spaghetti a bolonhesa com suco de laranja (outro clássico marroquino que vende em qualquer esquina, hehe).
1.500Km depois, e uma segunda parada pela polícia por excesso de velocidade, chegamos a Fes. Fingi que não entendi nada que o policial estava me dizendo e ele me liberou sem pagar multa, só me dando uma bronquinha, hehe.
Um telefone do Marrocos me ligou… :-S “Será que teria a ver com alguma multa?” – me questionei… Conectei ao wi-fi do café e lá estava a mensagem: “Oi Paola, aqui é o Moha! Gostaria de saber a que horas vocês vão chegar…” Mohamed! Hahaha, o cara do Riad de Fes pra quem liguei, ainda no Brasil, pra tirar umas dúvidas! Todo feliz por estar treinando seu português, Moha… Combinamos de nos encontrar em Ain Azlenten, uma praça próxima ao nosso Riad, até onde o carro conseguia chegar. Ficamos no centro medieval, da antiga capital marroquina, claaarooo! Não ia perder mais de 1.200 anos de história! Nosso Riad não era muito diferente do de Marrakech: uma construção quadrada, com 3 andares e todas as portas e janelas voltadas pro pátio interno. Mas, por ser uma cidade mais fria, eles fizeram uma cobertura pro pátio, transformando-o numa grande sala de pé direito… triplo! Não tinha me dado conta mas há até 60 anos atrás, apenas, quando o Marrocos se tornou independente, as mulheres eram completamente proibidas de sair de casa. Uma marroquina, com quem fomos tomar um chá para entender um pouco mais sobre a cultura local, nos contou que as 2 ú-ni-cas vezes que uma mulher saía de casa (na vida!) era pra se mudar pra casa da família do marido e para ser enterrada. Refletimos um pouco… “então casar significava não ver nunca mais sua mãe e irmãs?” >> Sim. 😮 As mulheres não estudavam, não íam à mesquita nem ao mercado. Suas casas eram seu universo e isso explica o porquê da inexistência de janelas voltadas para o lado de fora. Dezenas, talvez mais de uma centena dessas casas viraram os Riads de hoje, acolhendo curiosos como nós. Passamos a olhar o nosso com outros olhos…
Curiosamente a primeira impressão do labirinto da medina de Fes foi a de ser mais novo que o de
Marrakech. Um pouco mais limpo e organizado, talvez, e menos plano (você sobe ou desce quase o tempo todo). Mas foi só a primeira impressão. É tudo tão amontoado que você não consegue entender onde termina uma construção e começa a outra. Das mesquitas só se vê as portas e, male, male, os minaretes, se esticar bem o pescoço (não muçulmanos são proibidos de entrar). A cidade é menos voltada para o turismo e a maioria das lojinhas esta lá para suprir as necessidades dos locais mesmo, com produtos como cosméticos, tecidos, roupas, sapatos e eletrônicos mais triviais. Um mix de produtos à la 25 de
março, contrastando com fontes seculares em cada esquina, ainda em pleno uso pelos locais. Mas 3 dias depois, confesso que estava cansada daquela overdose de cheiros, barulhos e confusão. E pensando “talvez seja por isso que as ruas não eram lugar para mulheres no passado”.
Quando elas romperam a barreira da porta de casa, inicialmente se dirigiam apenas aos mercados ou às mesquitas. Hoje já estudam e trabalham, mas ainda é raro se ver mulheres em cafés ou restaurantes do centro antigo. Sozinhas então, nem pensar!