Dezenas de gaivotas acompanhavam a nossa voadeira enquanto o sol nascia no Inle Lake. O lago tinha uma camada de bruma sobre as águas e balões subindo no horizonte. Pescadores puxavam a rede equilibrados em um pé só na proa de canoas, enquanto remavam com o outro pé enrolado a um remo de madeira. E nós nos enrolávamos em todos os casacos, pashiminas e cobertores que tínhamos pra nos proteger do vento gelado daquela travessia de 1 hora até o nosso hotel flutuante 🙂 do oooutro lado do lago. Os cobertores vinham dobradinhos em cima das 2 cadeiras de madeira no meio do barquinho. E tinham 2 guarda-chuvas ao lado pra proteger de eventuais respingos de água porque, claro, não tinha nenhuma cobertura.
O lago de 22 km por 11 km a leste de Myanmar é uma área de preservação ambiental e não existe outro tipo de meio de transporte no pedaço que não as voadeiras (grandes canoas de madeira com um motorzinho atrás, daqueles bem barulhentos, de onde o barqueiro também pilota).
Recebemos os primeiros raios de sol do dia registrando o impressionante balé dos pescadores com a câmera, uma das principais atrações do lago, e partimos para o mercado local. Como ele só acontece uma vez por semana (demos sorte!) ele estava bem cheio. Já ao nos aproximarmos, na batalha por uma vaguinha para o barco, diversos outros barquinhos se agarraram (literalmente) ao nosso, disputando a nossa atenção e os nossos Kyats: “Necklace? Earing? Bracelet? Good price!” As barraquinhas eram improvisadas em cima de alguma superfície de madeira e as vendedoras, na maioria mulheres, pesavam especiarias, verduras, legumes, peixe e outros produtos, sentadas no meio da comida, usando pesinhos e 2 pratinhos de metal presos a uma corda. Encontramos de tudo naquele lamaçal lotado de locais, até souvenir pra turista ;-P.
A flor de lótus, uma das diversas plantas aquáticas que vivem no lago, é fonte de renda para as tecelãs locais. E, numa dessas tecelagens, elas nos mostraram como cortam o caule da flor em pequenos pedaços e de lá tiram uma fibra que enrolam numa tábua de madeira. Vão emendando pequenos pedaços uns nos outros e enrolando aos poucos transformando-o numa espécie de fio de croché. Com ele tecem pashminas incríveis! Tudo bem que a aparência é similar a de uma juta mas morri de vontade de comprar uma porque são de uma maciez impressionante! O problema é que uma pequenininha, que mal dava pra enrolar no pescoço, custava a bagatela 200 dólares.. 🙁
De lá seguimos visitando oficinas de artesãos de madeira, bambu, ferro e prata da região, observando a dinâmica daquela cidadezinha toda construída em forma de palafitas sobre as águas do lago, em que as crianças aprendem a remar desde pequenas e até o transporte escolar é embarcado!