Os 100km que ligam o aeroporto de Calama a San Pedro do Atacama são uma linha praticamente reta, inabitada e monocromática – terracota é o que se vê no point mais árido do planeta. Chegamos ao vilarejo de ruas de terra e casinhas de adobe, simples e baixinhas. Todas têm telhados retos como containers e o precursor do nosso tijolo ajuda a minimizar as variações térmicas do deserto. As ruas de terra são estreitas e a poeira é onipresente. Os turistas dão vida ao povoado de apenas 1.900 habitantes e o colorido fica por conta das mantas, berloques, bolsas, lousas e afins, pendurados nas portas das inúmeras lojinhas e restaurantes.
Nosso lodge é um pouco afastado do centro e o Maps.me nos orientou a cruzar o leito de um rio. Seco, não tinha nem uma pocinha pra contar história.
Seguimos margeando o que um dia foi seu curso por mais algumas curvas, em meio a montões de terra, pedra e alguns arbustos, até chegarmos a “avenida” Pukará 21 – que de avenida não tem absolutamente nada. No lugar de uma placa com o nome do lodge, tinha uma placa “Manter o portão fechado para as llamas não sairem” :-S Um cachorro veio latindo grosso e receamos abrir o portão. Mas, depois de algumas buzinadas, Catia veio nos recepcionar, toda simpática. Sem qualquer formalidade de check in, nos acolheu com a simplicidade de uma anfitriã do campo e ajudou a descarregar as malas e compras de supermercado do carro. Nos apresentou a piscina, Santiago e Pepa (sim, as llamas!), e nos conduziu pela passarela de madeira que delimita o caminho pelo campo de girassóis até o nosso fofíssimo bangalô-container. Todo de madeira, tem uma varandinha deliciosa e luzinhas que acendem à noite no caminho 😍 Além de mais árido, o Atacama também é, provavelmente, o deserto com mais oásis e hospitalidade do planeta _/\_