Sobrevoando a Terra do Fogo

Eu e o DHC-6-300 Twin Otter da DAP

Alguém soltou um pum e o avião inteiro ficou em silêncio. Juro que não fui eu! Rs E o Jan costuma ser sincero… Veja bem, era um aviãozinho com capacidade para apenas vinte pessoas (um DHC-6-300 Twin Otter, segundo o técnico de plantão).

Voando DAP para Puerto Williams
Piloto fofis

Traduzindo: um avião tipo de paraquedismo, turboélice bimotor da década de 80, desses que você tem que entrar meio agachado. Sim, tinham 2 cadeirinhas de um lado e uma do outro, com um corredor pra lá de espremido entre elas, mas as mochilas iam entre as pernas porque não tinha qualquer compartimento. O cockpit não tem porta e dá pra acompanhar o trabalho dos pilotos o tempo todo. Lá pelas tantas, um deles torce o pescoço pra trás e diz: “Esse é o voo V5020 com destino a Puerto Williams. Por favor, mantenham seus cintos afivelados durante todo o voo.” Não resisti e cliquei. E ele fez pose, rs 🙂

Sim, o avião balança bem mais. E não, não tem banheiro. Nem cabine pressurizada, ou seja, é aquele barulhão. Mas ele voa baixinho comparado aos aviões grandes e não tínhamos ideia de que veríamos aquele show de montanhas nevadas, ilhas desertas e geografia pra lá de recortada, sobrevoando a Terra do Fogo. Com direito a Estreito de Magalhães, canal de Beagle, cordilheira Darwin e todas as cidadezinhas mais austrais do mundo. Curva fechada para a esquerda e embicamos com vontade pra baixo. Avistamos o aeroporto e a pista à direita. Curva fechada para a direita e nos alinhamos a pista. O piloto jogou o nariz do avião pra baixo e pudemos ver e pista bem na nossa frente, pela própria janela da cabine. Achei que fôssemos dar de cara no chão, mas pousamos suave, suave, com direito a uma derrapardinha, de leve.

Claro que foi a passagem mais barata que eu achei. Mas pra voar nesse avião eu pagaria até mais caro! hehe

A propósito, eu não lembrava que Fernão de Magalhães tinha morrido tentando conquistar as Filipinas, logo após a descoberta do Estreito, sem nem ter tido tempo de anunciar o seu feito. Nem que Darwin tinha partido para a sua histórica expedição com apenas 22 anos e que ela durou 5 anos 😮

Vamos às dicas: decidimos voar com a DAP Airline de Punta Arenas para Puerto Williams por ser 1) muito mais barato do que voar de Aerolíneas Argentinas para Ushuaia, 2) um destino menos explorado pelo turismo até agora e 3) o verdadeiro fim do mundo, hehe. Mas não são todos os dias que a DAP voa nesse aviãozinho que nós pegamos, apenas um ou outro trecho. Nos demais são aviões maiores, “normais”, rs. Demos sorte! Mas também dá pra ir por mar de Punta Arenas a Puerto Williams. Tem o Stella Australis, que é um cruzeiro de 4 dias bem bacana, mas que ia fica caro para o nosso bolso nesse momento de dólar a R$4 (custa em torno de US$1.500 por pessoa) e tem o ferry da Transbordadora Austral, que leva 30 horas, não inclui alimentação, não pára para passeios e nem tem quarto (você vai sentado em poltronas). Esse custa em torno de US$400 por pessoa, ida e volta. A propósito a titulo de comparação, nossa passagem da DAP custou U$200 por pessoa (ida e volta).

Aparentemente é possível cruzar de barco de Puerto Williams para Ushuaia pelo Estreito de Beagle, mas depende muito das condições do tempo (que é imprevisível por aqui) e, por conta dos horários dos barcos e passeios, acaba não dando para ir e voltar no mesmo dia.  Por isso, decidimos ficar em Puerto Williams, entrar um pouco mais no clima do lugar e relaxar.

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