Um voo, 60Km de rípio, muitos bichos, uma parada na fronteira, uma nau no meio do caminho e… chegamos a El Calafate. A pedida
era ver o Glaciar Perito Moreno, com direito, claro, a ice trekking em cima do terceiro maior maciço de gelo do mundo (atrás apenas da Antártica e Groenlândia). Sim, tem que colocar crampões e tudo, profissa o negócio! Depois de algumas explicações sobre sua origem e formação, sobre cuidados como andar com os pés afastados para não enganchar um pé no outro e usar luvas 100% do tempo porque o gelo é cortante, saímos em fila indiana. Não, não se escala o paredão que fica de frente para o lago, porque além dele ter uns 60 metros de altura, o barato de quem vai até lá é ver, justamente, pedaços do paredão desmoronando na água do lago e fazendo aquele estrondo. Entramos no glaciar por terra, pela lateral esquerda, mais precisamente, depois de uns 20 minutos de barco. Os primeiros passos são hesitantes… Pensamentos do tipo “será que escorrega?” são inevitáveis. A superfície é mega acidentada, cheia de morrinhos, fendas, buracos, e formações das mais inusitadas que desenham esculturas excêntricas no gelo. Ele tem texturas e tipos de compactação diferentes, o que também faz a cor variar do branco neve a um azulão brilhante ma-ra-vi-lho-so!!! A cada “curva”, o guia vai explicando um pouco mais sobre aquele desbunde da natureza, mas a empolgação com aquele cenário é tanta, que não consigo processar uma palavra do que ele diz. Fora que alguns trechos são meio empoçados, com um gelo meio translúcido e bate aquela dúvida “será que afunda?”
Sigo em frente confiando nos crampões e na tecnologia das botas, hehe. Treino pro Everest! _/\_
Enquanto isso, o guia “corre por fora” se movendo com uma facilidade que chega a ser humilhante, rs Um dia eu chego lá!
No final tem direito a uma dose de whisky com gelo glaciar. Mas eu passo. Troco por um golinho da água. Se tem uma bebida que eu não gosto é whisky.
De volta a civilização, escolhemos uma sauna pra arrematar o dia. Mas… “Moça, pode entrar pelado?”
Veja bem, o Jan é tcheco e acha o maior absuuuurdo entrar numa sauna com qualquer peça de roupa. Para ele é anti-higiênico, além de fazer mal para as partes intimas, que ficam abafadas demais. A moça diz que ele pode ficar como preferir (meio rindo) e, seguindo a sua convicção, ele esticou a toalha dele no banco de madeira e sentou lá, peladão. Um pouco apreensivo mas convicto, rs. E resolveu me dar uma aula de como se faz sauna. “Você pode ficar de 10 a 15 minutos (no máximo) e repetir até 3 vezes, com descanso de 20 minutos (e uma ducha gelada) entre elas. “Aham…” Uns minutos depois entrou um barbudo (de short), um pouco mais velho. Entrou e saiu, sem dar tempo da mulher chegar perto da porta, dizendo “é mista”, hahaha.
Dica No 1: não deixe de fazer o trekking no gelo! Você vai ver o glaciar de uma perspectiva totalmente diferente e única! Tem várias empresas que fazem a navegação pelo lago, mas só uma faz o trekking: a Hielo y Aventura. E tem 2 tipos: o mini trekking e o Big Ice. A diferença é a duração (no mini você fica 1 hora e meia sobre o glaciar e no Big você fica 3 horas e, consequentemente, caminha mais). O preço também é consideravelmente diferente e salgado. Então optamos pelo mini e já valeu demais! Mas o passeio também inclui uma navegação pelo lago e uma volta nas passarelas, que te mostram o glaciar de um terceiro ponto de vista (de cima e de frente), diferente da navegação e do trekking. Também vale muito e essa dá pra fazer sozinho (tipo estaciona o carro no parque, compra a entrada e vai. A infra é excelente!
Dica No 2: vá preparado, com muito filtro solar, óculos escuros, sapato impermeável, e roupas beeeem quentinhas (tipo 3-4 camadas das boas), à prova de vento (ele é implacável por aqui!)
Dica No 3: dedique pelo menos 1 dia inteiro e 1 noite a El Chalten. Nós ficamos 2 dias inteiros em El Calafate e fizemos um bate-volta a El Chalten, mas não deu tempo pra nada. Eu inverteria ou ficaria até 3 dias em El Chalten (que é bem menor e lindinha), para aproveitar as trilhas, e 1 dia em El Calafate (maior e mais turística), para o Perito Moreno.