Só conseguimos sair da cama por volta do meio-dia, pra comer. Depois do almoço e na falta de forças pra voltar ao parque (vontade a gente tinha) partimos para um programa tapa-buraco: conhecer um hotel “antigo” que tem um café legal e um museu, e o cara do hostel disse que valia a visita.
Gente… que hotel é esseeee?!?!
A entrada fica escondida, numa rua de terra, na beira da baía de Puerto Natales, já saindo da cidade. Vimos um prédio grande, retangular como um galpão, com vários carros estacionados na frente. Mas ficamos em dúvida porque o prédio, de fato, parecia um depósito, e daqueles de chapas de metal enrugadas, meio velhas, que precisam de uma pintura… Em volta havia outras construções bem rústicas, dessa vez em madeira, que me remeteram a galinheiros gigantes. Mas na lateral do grande “galpão” tinha um vão de entrada grande, com uma inscrição discreta em cima, em letras meio apagadas: The Singular Patagonia – Recepción. O telhado vermelho também levava o selo The Singular Patagonia, como um carimbo de container.
“Deve ser aqui…”
Estacionamos e caminhamos meio hesitantes… À medida em que nos aproximávamos vimos o que parecia um estábulo, ou um curral, sei lá, meio escuro, todo de vigas de madeira por dentro, só que limpo e com várias vans estacionadas ao invés de animais. Olhamos para o outro lado e vimos uma espécie de cubo de vidro minimalista com um piso de granito preto e uns poucos móveis e objetos de design impecáveis e chiquérrimos, além de funcionários impecavelmente uniformizados. Entramos meio confusos, meio surpresos, e explicamos que queríamos conhecer o café e o museu. De repente, brota por uma parede de vidro, sem fazer nenhum ruído, um elegante funiculaire, desses com uns 200 anos. “Gente! Da onde veio isso?!”
A moça abre a porta pra gente e entramos com um outro casal de gaiatos, mais surpresos do que nós, por que eles “esbarraram” no lugar num passeio de bicicleta a esmo e decidiram conferir. Apertei o primeiro andar num painel de aço inox de última geração e descemos flutuando.
Chegamos ao andar de baixo e entramos numa segunda recepção minimalista, a não ser pelas ruínas intactas, com uma iluminação indireta, que decoravam o ambiente. Uau!
Sabe criança na Disney? Ficamos embasbacados. Outro funcionário nos conduziu por uma suntuosa passarela de madeira, percorrendo corredores de ruínas com máquinas e objetos que um dia foram parte daquela fábrica de lã e e carne de ovelha, do começo do século XX. Que maestria! Os caras, simplesmente, pegaram um hotel de design e altíssimo luxo e colocaram dentro de uma antiga fábrica, preservando tudo dos dois mundos, sem dar uma demão de tinta sequer, e fazendo a ligação entre os dois universos paralelos com madeira, vidro e conexões high tech. O pouco que foi acrescentado ao lugar, para que ele funcione, é de alta tecnologia, um contraste ainda mais impressionante com a história do lugar. Todas as áreas de circulação constituem parte do museu do hotel ou paredes de vidro do chão ao teto, com a vista deslumbrante da baía. Um es-pe-tá-cu-lo!
Chegamos no alto de um enorme salão e vimos o restaurante embaixo, integrado ao café, ao bar, a área de café da manhã e nem sei mais o que. O lugar é gigante e disposto em diferentes pisos, mas todo aberto. Imponência é o que se vê por aqui. Os móveis têm um estilo meio inglês, meio patagônico e a decoração mistura tons de marrom, bege e cinza. Tudo é grande: poltronas, mesas, sofás, cadeiras.. Ora em madeira, ora em couro, ora em pele. Só indo lá pra entender, gente… Mas garanto que não existe um ser humano que tenha entrado nesse lugar e não tenha ficado de queixo caído. É majestoso! Daquele jeito que nenhuma câmera é capaz de retratar…
Apesar do hotel estar com lotação máxima, a área do café e restaurante tava totalmente vazia. E como essa é o tipo de experiência que você precisa dividir, decidimos nos juntar aos nossos novos amigos finlandeses, Jaana e Jukko (a cara do Harisson Ford), um casal elegante e simpaticíssimo, que já deu uma volta ao mundo de 2 anos velejando, morou 10 anos entre Indonésia e Hong Kong e está fazendo uma viagem de 4 meses pela América do Sul.
Falando em Finlândia, o Jan lembrou da experiência na sauna, e tratou de compartilhar com eles, buscando apoio moral dos experts em sauna “pelada”. Eles compartilharam algumas experiências engraçadas pelo mundo… “Se tem duas coisas no mundo que temos propriedade para falar elas são sauna e Papai Noel”, disse a Jaana, rindo. “E esses alemães ficam se metendo a inventar regras sobre como temos que fazer sauna, onde já se viu?!” Hahaha, não aguentei e tive que entregar o Jan e o sermão que ele me deu sobre sauna no dia anterior, rs.
Convite para uma sauna “pelada” na Finlândia já temos :-S